sexta-feira, dezembro 22, 2006

E-learning

Artigos sobre e-learning nas Ciências Biológicas revistos no "Aprender e Ensinar".
Visto no Center for Bioscience, um recurso que vale a pena conhecer. Podem ver-se ali, continuando no mesmo tema, as minutas de um encontro sobre e-learning que ocorreu há dias em Manchester.
E, para os que querem passar à prática, este Centro publicou um guia sobre a utilização das TIC no ensino, aprendizagem, desenho do currículo e avaliação em Ciências Biológicas.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Planeta azul


Está tudo ali. Eu e tu. A bomba atómica. Os genocídios. O amor. O aquecimento global. Os meus filhos. O deficiente abandonado que se suicida. A esperança de um mundo melhor. A criança com fome. O cansaço que fica quando a esperança se acaba...

Deus é imaginário


Uma coisa é ter deixado a religião por causa da Biologia, e ter a posição interior de não se querer chatear com esses disparates. Outra é dar-se ao trabalho de escrever um livro online com 39 capítulos de lógica meticulosa desfazendo o mito do Deus que escreveu a Bíblia e responde às orações, como é feito no site Why won't God heal amputees.

O único senão do sítio é estar totalmente focado na realidade evangélica dos Estados Unidos da América, embora ponha no mesmo saco todas as religiões organizadas, presentes ou passadas.
Não aborda, por exemplo, a questão mais profunda de um deus que não tenha esse papel tão interveniente, o deus de Einstein, por exemplo:
Einstein was often asked, "Do you believe in God?", to which he sometimes replied "I believe in Spinoza's God, who reveals himself in the harmony of all being".
Mas claro que não é este o deus dos milhões de americanos que acreditam que o universo foi criado há 6.000 anos, nem dos selvagens shiitas ou sequer dos ignorantes de Fátima. E para esses, isto são pérolas...

domingo, novembro 12, 2006

Animalada





Um conjunto de desenhos muito bem feitos, e com um humor interessante, a revelar um bom conhecimento do comportamento animal. Está de parabéns o autor, Pau.

terça-feira, novembro 07, 2006

Outra definição de "vida"

Um dos paradoxos da Biologia, a ciência que tem por objecto o estudo dos seres vivos, é o não ter conseguido produzir uma definição do seu próprio domínio de estudo. Isto pode ser um pouco vexante para um biólogo jovem, que inveja secretamente as certezas da Física ou mesmo da Química.

A Wikipedia é, como de costume, um bom ponto de partida para saber mais sobre este assunto. Lá se encontra uma referência à obra clássica no assunto: o livro do físico Erwin Schrödinger "What is life?"

Hoje encontrei uma resposta de Tonny Bennett e Count Basie a essa mesma questão:

LIFE IS A SONG
Ruth Ettig
(Joe Young/Fred A Ahlert)

Life is a song, let's sing it together.
Let's take our hearts and dip them in rhyme,
Let's learn the words, let's learn the music together,
hoping the song last for a long, long time.

Life is a song that goes on forever.
Love's old refrain can never go wrong.
Let's strike the note Mendelssohn wrote concerning spring weather,
Let's sing together and make life a song.



Para uma visão recente da influência do livro de Schrödinger na Biologia da altura, ver o excelente artigo de Dronamraju.

domingo, novembro 05, 2006

... e ainda por cima é gira!


Acabei de ler o último livro de Celia Farber, "Serious Adverse Events. An uncensored history of AIDS".


Como a própria reconhece numa nota introdutória, muito do que está nestas 340 páginas já foi publicado noutros locais. No entanto a autora re-escreveu todo o material de modo a fazer sentido num contexto de livro, acrescentando um prefácio e dois apêndices muito interessantes. O prefácio dá a nota pessoal que ressoa por toda a obra de Farber: "Does HIV cause AIDS? I don't know if it does or it does not- I'm really eqquiped to know. The story I have tried to tell, and which this book explores, is the story not of my own beliefs about science (I am not a scientist) but of the epic human drama between those who say yes and those who say no to this question." Os apêndices são linhas cronográficas (timelines) muito úteis, sobretudo a última que demonstra como se decretou que a presença de anticorpos contra o HIV equivale à infecção por este vírus, mesmo que este só seja detectável por PCR. Um dos muitos contra-sensos da "ciência" da sida que, tal como os outros, foi imposto por declaração, passando ao lado dos preceitos científicos básicos.

E Farber conta histórias. A de Peter Deusberg, claro, e a de Kary Mullis. Mas também a de Joyce Ann Hafford, que participou num ensaio clínico sobre a eficácia da neviparina na redução da transmissão do HIV de mãe para filho. Joyce Ann morreu devido aos efeitos da medicação que recebeu, tendo a criança nascido de cesariana momentos antes. (Outro conta-senso: a ministração de drogas com efeitos mutagénicos e carcinogénicos comprovados a mulheres grávidas e a recém-nascidos.)

Histórias que se lêem com um aperto no coração. E que dão um contexto dramático à importância da definição correcta de "ciência".

Muitos dos artigos de Celia Farber podem ser lidos aqui. Da entrevista na Bookslut acerca deste livro permito-me citar uma passagem que reflecte exactamente o que eu próprio sinto perante muito do que passa ultimamente por divulgação da ciência:
The nature of journalism is that you are reporting on a deadline and looking for good quotes. It is easy to see how science journalism can turn out like a game of telephone.

It is disembodied from the human, the emotional, the psychic and social context in which someone is speaking to you… It’s so sterile. As I look back on years and years of interviews, I remember the emotion. Of course the data is embodied in the emotions and vice versa -- but when I read straight, respectable, kosher, approved science journalism, I can’t connect to it. I don’t know how the interviewer feels or the interviewee feels. It’s very gee-whiz: “Gee-whiz: scientists have discovered x, y, z.” Or a gene that causes this and causes that… In most cases, what it should say is X scientist, working for X interest, totally governed by X biases said to me on this date that X is true, but all of those are leaps that shouldn’t be taken quite so easily.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Towards a mathematical definition of "life"


De Leibniz saltei para Gregory Chaitin, outro pensador cuja originalidade e génio se reflectem na insubmissão a barreiras disciplinares e a dogmas. Deixo aqui os links para a página pessoal de Chaitin e para dois artigos dele que são muito interessantes no contexto da Biologia:


segunda-feira, outubro 16, 2006

Chover no molhado?



Depois de "Inventing the AIDS virus", de Peter Deusberg (e dos seus inúmeros artigos sobre o assunto); depois de "Positively False", de Joan Shenton; apesar do relatório Mbeki; sabendo da penosa experiência de Christine Maggiore; há alguma coisa de novo a dizer acerca de toda esta embrulhada do VIH?

Pois parece que sim: é o que faz o novo livro de Mae-Wan Ho, "Unraveling AIDS".

As primeiras 50 páginas fazem o ponto da situação, mas já as 50 seguintes apresentam um aspecto novo relacionado com as vacinas. Eu já tinha uma idéia dos problemas éticos que infestam os ensaios clínicos deste como doutros produtos da indústria farmacêutica. O que não sabia era dos perigos específicos destas vacinas, sobretudo os ligados à utilização da glicoproteína gp120. Também já podia ter lido isso antes, uma vez que Mae-Wan tinha já escrito alguns artigos no Science in Society (incluindo este).

Nas últimas 50 páginas são apresentados conselhos sobre uma vida saudável, basicamente. Interessante e útil, sem dúvida, mas desvirtua um bocado o raciocínio: se a sida não existe, para quê os remédios alternativos? Percebo a idéia, claro. As pessoas estão doentes e coisas como o selénio ou a medicina tradicional ou mesmo o exercício são importantes para recuperar a saúde. Mas talvez ficassem melhor noutro livro...


PS: Mae-Wan Ho é uma mulher assombrosa. A entrevista que ela deu à Big Picture TV, por exemplo, deixa sem ar qualquer biólogo desprevenido. Podem tentar recuperar o fôlego lendo as dezenas de artigos que ela tem no ISIS, mas sentem-se para não ficarem tontos. É que ela quebra os dogmas todos um a um, sem medo de dizer frases como "Who needs bioterrorists when we've got genetic engineers?" :-) Evolução, "Big Business", jazz quântico, nada lhe escapa. E com uma autoridade científica que não é fácil de desmontar. Eu, pelo menos, não chego a tanto. Limito-me a constatar que muitas coisas fazem muito sentido...

sexta-feira, outubro 13, 2006

Science Blogs

Este fim-de-semana já ia ser complicado, e agora dou com isto:
Não pensei que existissem tantos blogues de ciência que se justificasse haver todo um site a eles dedicado. Só os de Biologia são perto de 50! Aliás, foi através de um deles (Pharyngula, concretamente este artigo-não perguntem!) que descobri o site. E vou voltar para lá...

quinta-feira, setembro 28, 2006

Padrões no ensino da Biologia

A varrer os cantos à minha caixa do correio, encontrei este link cheio de teias de aranha. Tantas, de facto, que parece já não funcionar. Talvez se o deixar aqui a apanhar ar ele se recomponha...

Standards for Biology major

"Students will be equipped with the ability to use and extend their scientific knowledge base throughout their lives if that knowledge base is presented in a context that stresses:

  • Scientific inquiry, reasoning and communication
  • History of biology and its past and present impact on society
  • Information content in biology
  • Evolution and diversity
  • Reproduction and heredity
  • Molecular processes
  • Cell structure and function
  • Organismal form and function
  • Interdependence of organisms and their environment"

quinta-feira, julho 13, 2006

Evolução (??)


Por alguma razão isto não funciona no blogue. Clique na imagem para ver a acção...

domingo, julho 09, 2006

As escolhas de Umberto Eco

Num artigo recente Umberto Eco oferece algumas sugestões de leituras filosóficas para não especialistas, "ou para aqueles que foram ouvir supostos filósofos e não perceberam nada de nada." Registo-as aqui, para poder reciclar o recorte do jornal.

Clássicos
  • Platão, Crípton. "onde aprendemos como e porque deve um cidadão respeitar a lei"
  • Aristóteles, Poética. "Deve ser lido como se descrevesse a forma de escrever um livro de mistério ou um Western."
  • Santo Agostinho, De Magistro. "Fala de assuntos da vida de todos os dias da forma como falariam com os vossos filhos. Um livro que brilha pela simplicidade e inteligência."
Idade Média
  • Abelardo e Heloísa, Cartas de Amor [Historia Calamitatum, a autobiografia de Pierre Abélard]. "Não esperem muito sexo mas vale o trabalho"
Renascimento
Iluminismo
Séc. XIX
  • Leopardi, Zibaldone. "aconselharia um pouco de cada vez, uma ou duas páginas na cama antes de adormecer."
  • Kant, Lições. "(sobre assuntos nos quais ele não era especialista) (...) Nessas obras ele aparece mordaz, bizarro, com algo de um narrador e até capaz de exprimir opiniões paradoxais. Tentem ler as lições dele de antropologia." [Encontrei na Amazon as de Ética, Metafísica, Lógica e Teologia Filosófica]
Contemporâneos
  • Wittgenstein, Investigações Filosóficas. "De vez em quando dirão que ele era um louco. Mas que louco."

sexta-feira, junho 23, 2006

Revisão de artigos

Já fiz algumas revisões de artigos que me foram pedidas por diversas revistas científicas. Em regra há indicações do prazo para o fazer, muitas vezes formulários mais ou menos específicos. O que faltam sempre são orientações sobre o processo. Uma questão básica, por exemplo: manter ou não o anonimato? O que fazer se conheço o autor pessoalmente? E se o que ele diz contradiz as minhas idéias ou, pior ainda, as minhas descobertas? E se ele se adiantou num trabalho que eu estou também a preparar?

Há muito a dizer sobre o próprio conceito de revisão por pares. A Wikipedia tem um artigo muito bem feito sobre esse processo, incluindo uma análise dos inconvenientes que lhe têm sido apontados, como o de ser um fomentador do conformismo. David Horrobin é ainda mais crítico, rejeitando completamente o conceito: Something Rotten at the Core of Science?

Mas por enquanto a revisão por pares faz parte do processo de publicação científica, e chegou um mail com um artigo para rever. E agora?

"Fear not!" Deste artigo de Benos et al., transcrevo um resumo do que é sugerido que sejam as responsabilidades do revisor.

The responsibilities of a reviewer can be summarized as follows.
  1. The reviewer should provide an honest, critical assessment of the research.
  2. The reviewer should maintain confidentiality about the existence and substance of the manuscript.
  3. The reviewer must not participate in plagiarism.
  4. The reviewer should always avoid, or disclose, any conflicts of interest. The reviewer should also avoid biases that influence the scientific basis for a review.
  5. The reviewer should accept manuscripts for review only in his/her areas of expertise.
  6. The reviewer should agree to review only those manuscripts that can be completed on time.
  7. The reviewer also has the unpleasant responsibility of reporting suspected duplicate publication, fraud, plagiarism, or ethical concerns about the use of animals or humans in the research being reported.
  8. The reviewer should write reviews in a collegial, constructive manner.

Notas para a adequação



Os ingleses chamam-lhe benchmarks, os americanos standards. Nós chamamos-lhe perfil de competências. Aqui fica uma contribuição para um debate sobre o assunto, baseada no que é feito do lado esquerdo do Atlântico:



Students will be equipped with the ability to use and extend their scientific knowledge base throughout their lives if that knowledge base is presented in a context that stresses:
  1. Scientific inquiry, reasoning and communication
  2. History of biology and its past and present impact on society
  3. Information content in biology

A Universidade de Porto Rico tem o curso de Biologia estruturado de uma forma que me parece exemplar:
  • um plano estratégico de desenvolvimento
  • um plano de avaliação departamental, com metodologia delineada e divulgação dos resultados
  • perfis de competências dos alunos e matrizes de correlação com as disciplinas
  • o portfolio do curso e formulários para a avaliação de uma série de parâmetros.

Outras ligações úteis neste contexto:

A necessidade óbvia de alinhar conteúdos com a avaliação é demonstrada aqui, assim como são apresentadas CATs (Classroom Assessment Techniques):






REDCUBE (RESEARCH, DEVELOPMENT, AND CHANGE IN UNDERGRADUATE BIOLOGY EDUCATION), uma compilação de R. R. Hake (1999)

domingo, maio 28, 2006

Clique!

Sabemos certas coisas, concordamos com elas e percebemos a hipocrisia das pessoas que escolhem discordar embora saibam que são verdade. Mas continuamos, porque afinal o urgente se sobrepõe ao importante. Ou, o que dá no mesmo, porque não há nada a fazer.

E de repente (não mais que de repente) encontramos pessoas que não inverteram a ordem das prioridades. Pessoas que estão a fazer o que deve ser feito, a dizer o que precisa de ser dito.

Hoje encontrei David Suzuki, e o clique deu-se com o seu texto BIOTECHNOLOGY: A geneticists personal perspective. Diabo!, eu estudei genética pelo livro dele! E ele fala de Gen-Ética e faz sentido. Aponta as falhas da engenharia genética, e tudo é claro. Alerta para os perigos da ligação da universidade à indústria, e deixa-nos a pensar.

Daqui saltei para Brian Goodwin, agora professor no Schumacher College (para onde apetece ir a correr estudar). Dos seus artigos, li em diagonal From control to participation via a science of qualities e quando cheguei à parte da polémica entre Goethe e Newton sobre a teoria da cor vim a correr aqui escrever isto. Goethe não só fez melhor ciência que Newton, mas também a ligou às sensações que as cores nos transmitem. Ciência que liga refracção da luz, comprimentos de onda e a sensação de serenidade de um céu azul? Onde anda ela? Uma ciência humana, que nos reconcilie connosco e com a natureza: onde está?

sábado, abril 08, 2006

sexta-feira, março 31, 2006

quinta-feira, março 30, 2006

Breves notas sobre ciência

A minha ignorância literária é profunda. Para me penitenciar assino o JL. Vale pelas crónicas do José Luis Peixoto, pelas autobiografias, e pelas notícias do que vai acontecendo nesse estranho mundo da, dita, cultura. E foi assim que soube esta semana da publicação de Breves Notas sobre a Ciência, de Gonçalo M. Tavares.


Quando alguém cuja obra literária merece os mais rasgados elogios escreve sobre ciência, as minhas orelhinhas ficam logo alerta. E não é que o JL fez uma pré-publicação? Uma delícia! Aqui ficam uns bocadillos, para abrir o apetite, enquanto o livro não está disponível.

Investigar (1)
Como seria possível caminhar em direcção ao Mistério? Em direcção ao que não sei?
Se eu caminho em direcção ao Mistério é porque o Mistério já foi desvendado por mim.
Se tal se passasse no circo eu seria chamado de farsa.
Tu já sabes onde esconderam a jóia (foste tu que a escondeste) e agora pedes para te colocarem uma venda nos olhos.
Que estás a fazer, perguntam-te.
Investigo- respondes.

Uma hipótese

A alegria é um catalisador de uma experiência científica; a tristeza um inibidor.
A tristeza encolhe; como pode um homem triste descobrir algo?
Só quem é alegre arrisca.
A tristeza é anti-científica.

O olhar
O teu problema não é o Problema.
O teu problema é a parte do Problema para onde tu olhas.


quarta-feira, março 29, 2006

Evolução

A. Brazier Howell, 1930. Aquatic mammals.

"Nada em Biologia faz sentido, excepto à luz da evolução". link Theodosius Dobzhansky (1900-1975)


É uma das minhas citações científicas preferidas, e certamente aquela que menciono mais vezes, em aulas e em conversas. E voltei a lembrar-me dela olhando esta ilustração, velhinha, de uma comparação que fiz ainda há dias aos meus estudantes.

Este é um exemplo flagrante de evolução convergente: os tubarões, ictiossauros e golfinhos têm histórias evolutivas muito distintas, os dois últimos tendo inclusivamente evoluído a partir de um ancestral terrestre. A única explicação racional para a surprendente semelhança anatómica destes animais é a adaptação ao mesmo nicho ecológico, feita de novo com dezenas de milhões de anos de intervalo...

quinta-feira, março 16, 2006

A B C BOOK of Invertebrates


Gostei de ver este livrinho online, pelo modo como alia Biologia, Pintura e Poesia.


Lembrei-me do conceito de "Consiliência", de E. O. Wilson, conceito esse que parece ter tido pouca difusão, ao contrário de outros inventados por este entomólogo, como o de Sociobiologia

terça-feira, março 14, 2006

Ao que isto chegou...



Agradeço ao Tito Silva a chamada de atenção para este recorte.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Bifurcação

Este blogue estava a ficar carregado de entradas relativas às questões específicas do ensino superior as quais, embora interessantes, fogem absolutamente ao tema. Solução? Bifurcar. Todas essas questões terão a partir de hoje o seu lugar noutro blogue, Aprender e Ensinar, para onde migrarão inclusivé algumas das entradas que já aqui fiz.

Logicamente, deveria fazer outro blogue para os meus comentários sobre peixes, mas por enquanto ficam aqui- sempre têm a ver com Biologia, pelo menos...

domingo, janeiro 08, 2006

Humor científico


Existem pelo menos três revistas humorísticas feitas por cientistas, para cientistas e sobre cientistas.

Conheci há alguns anos o Journal Of Irreproducible Results a propósito de um artigo hilariante sobre a relação entre o lançamento de tomates e o desempenho dos cantores de ópera. Note-se: fiquei impressionadíssimo pela esplêndida construção formal do artigo, em que eram cumpridas todas as normas de publicação científica, das figuras e tabelas e respectivas legendas, às citações e lista de referências (todas fictícias, obviamente, mas cada uma delas um fino exercício de humor).

Depois penso que houve uma desavença qualquer entre os editores, tendo daí nascido os Annals of Improbable Research. Esta é, no momento, a revista mais activa, com um blog e uma coluna semanal no The Guardian. Atribuem anualmente os prémios IgNobel, para pesquisa que não pode, ou não deve, ser reproduzida.

Ambas as revistas são americanas, mas recentemente descobri que os ingleses (mesmo os cientistas) também têm sentido de humor. A revista chama-se Null Hypothesis, e foi o local de publicação do artigo seminal em que, a partir de um modelo matemático construído para explicar porque é que a torrada cai sempre com o lado da manteiga para baixo, Lewis Dartnell conclui que o Universo foi criado por um Deus malévolo.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Código Ético Universal para Cientistas

Um grupo liderado por Sir David King, o Chief Scientific Adviser do governo britânico, elaborou uma proposta de código ético universal para cientistas que esteve em consulta e discussão em 2005 e se espera ser lançado oficialmente no Outono (ver página no Council for Science and Technology)

Quando vi a notícia, estava à espera de um documento longo e complicado. Mas é um bloquinho de texto com menos de 20 linhas. Exactamente como eu gosto: sabedoria condensada, de aparência singela mas com implicações poderosas.

Traduzo, para compreender melhor:

Rigor, respeito e responsabilidade: um código ético universal para cientistas

Rigor, honestidade e integridade
  • Agir com competência e cuidado em todo o trabalho científico. Manter as suas competências actualizadas e ajudar ao seu desenvolvimento noutros.
  • Tomar medidas para prevenir práticas corruptas e mau comportamento profissional. Declarar conflitos de interesse.
  • Estar alerta para os modos em que a sua investigação deriva e afecta o trabalho de outras pessoas, e respeitar os direitos e a reputação de outros.
Respeito pela vida, a lei e o bem público
  • Assegurar que o seu trabalho é legal e justificado.
  • Minimizar e justificar qualquer efeito adverso que o seu trabalho possa ter em pessoas, animais e o ambiente natural.
Comunicação responsável: ouvir e informar
  • Procurar discutir os assuntos que a ciência traz à sociedade. Ouvir as aspirações e as preocupações dos outros.
  • Não enganar conscientemente, ou permitir que outros sejam enganados, acerca de assuntos científicos. Apresentar e rever as evidências, teorias ou interpretações científicas com honestidade e exactidão.